
Harry, interpretado pelo próprio Woody Allen, é um escritor bem sucedido, que utiliza os acontecimentos de sua própria vida e conseqüentemente das pessoas que vivenciaram tais acontecimentos com ele, como “inspiração” para a construção das histórias de seus livros. Porém, além do exagero empregado em algumas passagens das histórias desenvolvidas por ele, em comparação ao episódio de sua vida que a inspirou, a diferença entre a ficção e realidade dos fatos, se dá pela simples troca do nome das personagens, o que é facilmente detectado pelas pessoas que tem algum conhecimento dos fatos reais.

Woody Allen visivelmente consciente e à vontade, brinca com um roteiro encantador que nos permite visualizar o improvável, o encontro entre o criador e a criatura. Harry, o criador, um ser extremamente inseguro e perturbado ao se deparando com todo o mal que pode de fato ter causado as pessoas que inspiraram suas obras, as quais o colocam de frente a personagens extremamente conscientes e maduros, que na verdade, são o próprio Harry. Um Harry talvez, perdido em seu inconsciente. “Desconstruindo Harry”, que na época de seu lançamento, não foi bem visto pela crítica, é uma obra para ser admirada e revista sempre, de um humor ácido e de constantes reflexões sobre morte, sexo, religião... Temas recorrentes na admirável e diversificada carreira de Woody Allen.
Salma Nogueira.
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