"Manhattan", de Woody Allen, é um filme de difícil definição, a começar pelo gênero do filme, seria uma comédia romântica, uma crônica, um drama... "Manhattan" é tudo isso e um pouquinho mais. Manhattan é Woody Allen, e isso já nos dá uma boa noção do que esperar do filme, tanto para quem ama Woody Allen quando para quem o odeia, porque quando se trata de Woody Allen, não dá para ficar indiferente.
Quem foi ao delírio com “Annie Hall” (meu caso), pelo menos em um primeiro momento, pode ter estranhado o estilo do filme. Mas os que detestaram o tal “noivo neurótico” de Woody Allen, personagem comicamente chato recorrente na filmografia do diretor, anterior a "Manhattan", começou a ver seus filmes com mais respeito, digamos assim.
"Manhattan" nos indica uma fase de transição do estilo Woody Allen de fazer cinema, onde aos poucos abandona o intelectual tagarela que o consagrou e avança para uma fase mais densa, com um humor sem piadas e neuroses, tendendo a uma análise da condição humana, seguindo os passos de seu grande ídolo, o diretor sueco Ingmar Bergman (O Sétimo Selo, Gritos e Sussurros).

O próprio Woody Allen não gostou inicialmente do filme em questão, chegando a oferecer-se para dirigir outro filme de graça para a Universal (estúdio que bancou a obra). Mais do que gostar ou não, Manhattan nos mostra a ilha que dá nome ao filme, de uma maneira bela, com uma fotografia nostalgicamente em preto e branco, dirigida por Gordon Wilis. Cada ponto turístico mostrado se ajusta perfeitamente a história, o que dá uma tradução visual ao belíssimo roteiro escrito por Woody Allen em parceria com Marshall Brickman.
Salma Nogueira.
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