Talvez as obras “Paisagem na Neblina” do grego Theo Angelopoulos (O Passo Suspenso da Cegonha; A viagem dos Comediantes) e “Mother” do coreano Bong Joon-ho (Memórias de um Assassino; O Hospedeiro), pouco tenham em comum além do óbvio, ter sido conduzidas magistralmente por diretores excepcionais, serem obras maravilhosamente belas e além de tudo são obras que justificam minha paixão e admiração, pela sétima arte, a qual, em minha modesta opinião é a melhor e a mais completa dentre todas as artes.
Mas se a mim coubesse definir tais obras com uma única palavra, eu diria sem sombra de dúvida, que ambas podem ser definida pela palavra SENSIBILIDADE. Tal sensibilidade nos imobiliza, de maneira a entender que o cinema é basicamente uma arte áudio-visual, sem necessariamente ter de recorrer à trilha sonora ou a diálogos desnecessários para explicar o que o olho sente e que o silêncio explica por si só. É pura poesia na tela do cinema. A trilha sonora e os diálogos são sim, fundamentais para o desenvolvimento dos roteiros de ambos os filmes, mas tudo foi posto exatamente onde deveria estar e no tempo certo.
Em “Mother”, logo de cara somos apresentados a rotina de Do-joon e Hye-já, mãe e filho respectivamente, uma mulher solitária e seu filho deficiente, que parecem viver em um mundo paralelo e inatingível. Mas essa redoma de vidro é quebrada a partir do momento que Do-joon é acusado de um crime que a mãe tem total certeza que o filho não cometeu, e ao longo do filme acompanhamos Hye-já em sua busca incessante por provar uma convicção unicamente sua. Ela tem tanta certeza disso, que acaba nos convencendo de maneira que sofremos e nos surpreendemos junto com a personagem e tal como a mãe, não imaginamos que Do-joon possa ser outra coisa além de inocente.
Em “Mother”, logo de cara somos apresentados a rotina de Do-joon e Hye-já, mãe e filho respectivamente, uma mulher solitária e seu filho deficiente, que parecem viver em um mundo paralelo e inatingível. Mas essa redoma de vidro é quebrada a partir do momento que Do-joon é acusado de um crime que a mãe tem total certeza que o filho não cometeu, e ao longo do filme acompanhamos Hye-já em sua busca incessante por provar uma convicção unicamente sua. Ela tem tanta certeza disso, que acaba nos convencendo de maneira que sofremos e nos surpreendemos junto com a personagem e tal como a mãe, não imaginamos que Do-joon possa ser outra coisa além de inocente.
Já em “Paisagem na Neblina”, sofremos junto com os irmãos Voula e Alexandros, que tal qual Hye-já saem de casa em busca de uma convicção que pertence somente a eles, mas que nos envolve de maneira única. Eles vão à busca do pai que nunca conheceram, o qual a mãe, diz viver na Alemanha. Angelopoulos nos tortura e nos emociona com planos - seqüências maravilhosos e por vezes intermináveis. E a nós, só é dado o direito de ali permanecer, imóveis e inebriados, tendo de conter todos os sentimentos que o filme nos remete. Não lembro outra vez que saí de uma sala de cinema tão encantada com um filme, por tudo, roteiro, fotografia, montagem, interpretações... a palavra theo em grego, significa deus, coincidência?!
E para os que acham que tudo de bom já foi feito no cinema, que não é possível criar nada novo, se deparar com a genialidade e sensibilidade de ambos os diretores de conduzir roteiros aparentemente simples, renova nossas esperanças. Ambos estão em atividade, nos presenteando com obras cada vez melhores e eu espero que isso permaneça por muito tempo e que inspire outros diretos a nos comover com filmes igualmente belos e a nos fazer acreditar que o cinema ainda tem muito a nos surpreender e encantar.
Salma Nogueira.
* Texto dedicado a Marco Antônio Moreira.
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