Há quem seja contra a sistemática cineclubista (Filme + Debate), argumento: “Eu não vou dividir com os outros, o que eu não precisei deles para aprender, tudo que sei é porque aprendi sozinho, fruto de minha própria curiosidade.”. Há também quem seja contra os filmes legendados, argumento: “Se eu quiser ler, fico em casa lendo um livro, não vou ao cinema". E por sua vez, logicamente, há quem seja contra os filmes dublados, mas esse não precisa de argumentos, basta assistir a um filme dublado para entender, salvo claro, algumas exceções.
Mas quando o assunto é cinema, o que não há?! Por ser uma arte tão democrática, o cinema consegue satisfazer vário públicos, dentro, claro, da área de interesse de cada um. Todo dia diversos filmes são produzidos, idealizados, lançados, exibidos em todo mundo e a demanda por mais filmes, é crescente. Aos fins de semana entrar na fila para comprar um ingresso no horário desejado, nos cinemas comerciais da cidade de Belém é uma verdadeira aventura e há quem saia descontente, ou porque não comprou o ingresso para a sessão pretendida, ou para o filme desejado. Há também quem nem conseguiu comprar o ingresso ou até desistiu do mesmo. É, nem sempre o cinema é a maior diversão, não?
Paralelo a essa disputa pelo melhor lugar nas sessões dos grandes blockbusters, há na cidade uma explosão de cineclubes. Os cineclubes trazem uma alternativa tentadora aos amantes da sétima arte. Em filmes com apenas uma sessão e com entrada franca, os amantes do cinema arte, tem a oportunidade de conhecer ou rever raridades do cinema, clássicos cinematográficos imortais, em sessões geralmente quinzenais. Mas as opções são diversas, de modo que há semanas onde é possível assistir um filme por dia, cada dia em lugar diferente, lugares diversos, em várias partes da cidade de Belém. Filmes estes, geralmente seguidos de debates, os quais nos motivam a voltar e a exigir sempre mais do cinema. O retorno é garantido, basta saber o que e onde procurar.
Tem sensações que só o cinema tem o poder de nos submeter, se não como explicar que filmes como “Do mundo nada se leva” de Frank Capra (A Felicidade Não se Compra, Aconteceu Naquela Noite) um filme de 1938 e “O Mágico de Oz” de Victor Fleming (E o Vento Levou, Marujo Intrépido) um filme de 1939, consigam emocionar tanto uma sala inteira de cinema a ponto de serem aplaudidos ao fim de ambas as sessões. Ainda mais levando em consideração que a primeira película é em preto e branco e foi exibida em 2009 na Sessão Cult organizada pela ACCPA em parceria com o Cine Líbero Luxardo e na segunda, exibida em 2010 na programação especial de aniversário de 98 anos do Cine Olympia, a maioria dos espectadores presentes na sala de projeção eram crianças. Mesmo concordando em parte com uma fala do personagem de Leo G. Carroll, no Filme “Intriga Internacional” do mestre Alfred Hitchcock (Um Corpo que Cai, Psicose): “O mundo é um inferno. Mesmo quando é frio.”, em uma sala de projeção eu me sinto muito perto do paraíso.
Salma Nogueira.
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